O Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central – COPOM, anunciou após a reunião de hoje uma nova redução na taxa básica de juros da economia a SELIC. Com uma redução de 0,75 ponto percentual o COPOM anunciou a taxa SELIC em 3%.
Trata-se do menor patamar da SELIC desde o início da série história em 1996.
Analistas de mercado e economista demonstraram grande surpresa com o forte corte que contrariou as expectativas de uma redução mais tímida da SELIC, algo em torno de 0,25 pontos percentuais, principalmente em virtude dos recentes cortes que a taxa básica de juros vinha sofrendo.
O Comitê de Políticas Monetárias justifica o novo corte ao cenário econômico mundial que requer estímulos econômicos extraordinários, como uma das medidas para minimizar os efeitos da crise econômica provocada pela pandemia da COVID-19.
A série histórica de cortes até que fosse possível alcançar uma taxa Selic em 3%, teve início em outubro de 2016.
Naquela época a taxa Selic estava bem longe do patamar que conhecemos hoje, na casa de 14,25%. Foram 12 cortes seguidos até que a SELIC estacionasse no patamar de 6,5%, onde permaneceu de maio de 2018 a junho de 2019.
No final de julho de 2019 novas reduções voltaram a acontecer, impressionando e estimulando o mercado financeiro, em dezembro a taxa Selic já era cotada a 4,5%, surpreendendo e mudando hábitos antigos de investimento de muitos brasileiros que apostaram alto em opções da renda fixa.
No início do ano de 2020 a Taxa Selic voltou a sofrer reduções, passando pelo patamar de 4,25% em fevereiro, sem a crise econômica provocada pelo coronavírus, era difícil esperar por novas reduções e nem mesmo o COPOM esperava por isso.
No entanto, com a escalada da pandemia da COVID-19 pelo mundo, assim como em outros países a adoção de medidas para o estímulo da economia não poderiam deixar de ser colocadas em prática.
Sendo assim, acompanhando reduções da taxa básica de juros anunciadas por outros bancos e órgãos reguladores da economia pelo mundo, o Copom anunciou a redução da Selic do patamar histórico de 4,25% para 3,75%.
Com o mais novo anúncio temos agora uma taxa Selic em 3%, patamar nunca visto antes, o que podemos esperar da economia neste momento e com tais estímulos?
Sem dúvidas, uma pergunta difícil e que muitos empreendedores e investidores se fazem nesse momento delicado em que vivemos.
Veja alguns pontos de destaque extraídos do comunicado do COPOM que anuncia a nova taxa Selic em 3% ao ano.
Começamos por uma análise do cenário econômico e ponderações realizadas pelo COPOM em sua reunião de número 230 realizada em 06/05/2020 e que culminaram na determinação de uma nova taxa de juros da economia:
Além dos pontos em destaque no tópico anterior, o Copom ressaltou a importância das reformas e ajustes de estímulo para a economia:
“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia.”
Decisão unânime pela redução da taxa Selic:
“Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 3,00% a.a.”
O Copom compreende a necessidade de amplos estímulos econômicos, mas está atento às limitações da economia:
“O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional.”
Ao final do comunicado o Copom destacou que pode realizar novas reduções na taxa Selic, não superior a de hoje, para auxiliar a recuperação econômica, veja:
“O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo.
Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19.”
Apesar de não prevista pelo mercado na magnitude anunciada, a nova taxa Selic em 3% pode ser uma excelente e oportuna resposta sobre os esforços para uma mitigação de danos econômicos, assim como para uma rápida aceleração da economia pós crise, dentro das possibilidades do país e do mercado internacional.
A Selic é a taxa básica de juros da economia, servindo, portanto, de referência para taxas de juros de empréstimos e financiamentos, além da remuneração de investimentos.
As reduções na Taxa Selic, podem permitir que os bancos ofereçam crédito com menores taxas de juros, mais uma fórmula de estimular a economia, o que pode ajudar principalmente as empresas na contratação de empréstimos, que visem a manutenção de recursos em caixa.
Com a taxa Selic em 3%, boa parte dos investimentos na renda fixa perde em termos de rendimentos.
Esse fenômeno acontece, justamente em virtude da taxa Selic está atrelada ao rendimento de boa parte dos investimentos em renda fixa.
Um movimento no cenário econômico que pode obrigar investidores a buscar opções mais arriscadas em meio a um cenário de crise e incertezas para a economia.
Dentre as opções disponíveis, os economistas continuam indicando o CDI, como uma boa alternativa para alocação de recursos com segurança em sua carteira de investimentos.
Analisando eventos passados, podemos concluir que sempre que os juros recuam, a Bolsa de Valores tende a subir. Esse movimento ocorre justamente devido à redução nos ganhos dos ativos de renda fixa, o que torna a aplicação em ações mais atrativa aos olhos dos investidores.
No entanto, o grande problema ao se investir na Bolsa de Valores, diz respeito a crise mundial que atravessamos e as incertezas quanto a recuperação do Brasil, pós crise.
No entanto, após a crise econômica provocada pela pandemia do COVID-19, os analistas de mercado e economistas acreditam em uma retomada forte da bolsa de valores, o que poderá valorizar muitos ativos e papéis que hoje estão em queda.
Apontar o futuro do cenário econômico, a velocidade e o início da retomada da economia mundial e brasileira, ainda é muito difícil, senão impossível.
O que é possível afirmar neste momento, é que todo estímulo econômico e medidas que de alguma forma tragam um pouco mais de estabilidade ao mercado são bem vistas.
Apesar de não esperado neste grau, um corte profundo na Selic foi visto com bons olhos pelos economistas.
Pode-se observar uma demonstração de esforços do Banco Central, através do Copom para a sobrevivência e manutenção da economia do país.
Resta agora aguardar os novos passos da pandemia e da economia para que o Copom decidiu por uma nova redução ou não da taxa Selic.
Hoje o mercado financeiro brasileiro entra para a história, com a taxa selic em 3%.
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